10 de agosto de 2014

Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres… Que vão investigar sua vida na internet.

E que, num piscar de olhos, vão descobrir o nome da sua mãe, o emprego do seu pai, com quem sua irmã está saindo e em quais vestibulares você passou.



E, sim, nós já sabemos o nome do seu cachorro por causa de um comentário da sua tia numa foto que seu primo postou no facebook, daquela festa de natal de 2009 na sua casa.
E lembra daquele vídeo da sua viagem de formatura do colegial que está esquecido no youtube? Nós já vimos. Umas 4 vezes, por sinal. (a terceira e a quarta visualizações foram para descobrir se aquela menina que aparece ao seu lado aos 56 segundos é a mesma que curtiu um post seu da semana passada).
Também sabemos que a camisa que você estava usando na noite em que te conhecemos é a sua favorita, uma vez que você aparece com ela numa foto do réveillon desse ano, num show do Seu Jorge e no aniversário daquele seu amigo de infância que tá meio careca (no vídeo da formatura ele ainda tinha cabelo).
E a sua ex… Ah, a sua ex. Uma querida, ela. Descobrimos, em uma fração de segundos, se ela usa unhas postiças, se ainda gosta de você, se tem bolsas cafonas, se já fez plástica e se só tira fotos da cintura pra cima (quem nunca?). Mas não se preocupe, ela também já puxou nossa ficha. Sabe nosso tipo sanguíneo, antecedentes criminais, tom de base e se está na hora de retocarmos nossos reflexos.
Mulheres dominam a gestão estratégica das curtidas no facebook. Tem horário certo, nada de curtir 1 minuto depois da postagem. E elas devem ser espaçadas e bem distribuídas, não pode sair distribuindo joinha que nem uma louca.
Já os comentários em fotos, que são atos bastante delicados, precisam ser previamente aprovados por uma comissão de 7 amigas num grupo de whatsapp (que, por sinal, neste momento tem 243 novas mensagens, dentre as quais fotos de jogadores de futebol seminus, gravações de áudio que não se deve ouvir em público e algumas- só algumas- críticas às fotos dazinimiga no instagram)
Por falar em whatsapp, algo muito parecido acontece com certas respostas que damos no chat com você. Dependendo da gravidade do assunto, a comissão é ampliada para 11 ou 14 amigas, podendo até haver uma assembleia extraordinária regada a cerveja numa 3ªf à noite para discutir a construção ideal do texto de resposta, incluindo análise sintática e minuciosa atenção às expressões empregadas (“esses dias” é absolutamente diferente de “um dia desses”, assim como “a gente se fala” é quase o oposto de “até mais tarde”).
Importante frisar que também sabemos que se você visualizou o whatsapp às 4:41 da manhã, aí tem. Ou balada, ou mulher. (não trabalhamos com a hipótese de que tenha sido um mero xixi de madrugada)
Temos também um total e detalhado controle sobre o significado emocional existente por trás da dinâmica “online/ digitando…/ digitando…/ online/ digitando…”.
Ah, e print screen de tela do whatsapp para as amigas darem uma olhadinha é algo mais normal e corriqueiro do que saia curta em armário de piriguete, tá? Se a conversa for muito importante, rola tipo uma metralhadora de prints- pá pá pá pá pá pá pá pá- uns 8 na sequência. Se o sinal do wi-fi não for bom até dá uma congestionada nas paradas.
Aceite, amigo, mulheres vão saber tudo isso muito antes de você imaginar que elas um dia pudessem imaginar. Como dizem por aí, se ela quiser descobrir uma coisa, ela vai e descobre dez. Não tem jeito, somos assim. E não é por mal… É algo tão inevitável quanto celulite na parte externa na coxa.
E não pense que é fácil! Temos que fazer um verdadeiro malabarismo para lembrar o que foi você que nos contou e o que nós descobrimos fuxicando, para não dar fora. É quase um jogo de xadrez mental.
Mas você deve se perguntar “Meu Deus, elas não têm mais o que fazer?”. Fique sossegado. Averiguamos tudo isso ao mesmo tempo em que pintávamos a unha, assistíamos nossa série preferida, destacávamos com marca texto os trechos principais do texto da pós, comíamos um iogurte grego e, claro, falávamos com você no whatsapp para poder te conhecer melhor. Tranquilo.

Esse texto é de: RUTH MANUS

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